Hoje vim falar de um mangá muito especial que surgiu na minha vida quase que aleatoriamente. Já o conhecia de nome, já sabia que existia um filme sobre, mas não sabia que ele iria me deixar tão hipnotizada em sua leitura e tão perplexa sobre acontecimentos que nós não conhecemos tão afundo. Quando digo nós, me refiro a essa nova geração, que mesmo tento acesso a tanta informação, cada vez mais nós selecionamos o que queremos ter conhecimento.

Então, acabei selecionando Hadashi no Gen para ter uma base histórica sobre a Segunda Guerra Mundial. Mas porque uma história ficcional e não abrir um livro de história  e ler? Bem, porque buscava uma perspectiva japonesa sobre a guerra e acredito que, por mais que o ficcional seja ficcional, nela conseguimos sentir na pele as emoções e questionamentos dos protagonistas. Essa história é uma autobiografia de Keiji Nakazawa também.

E já estamos falando sobre isso, vamos saber mais detalhes do mangá?

Sobre…

Gen Pés Descalços é escrito e desenhado por Keiji Nakazawa, um sobrevivente da bomba atômica. Ele tinha apenas seis anos quando ela dizimou sua cidade Hiroshima. Um pouco depois, se mudou para Tóquio com o objetivo de ser cartunista. Produzindo uma lista bem extensa de mangás. Quando sua mãe faleceu, retornou a Hiroshima e começou a se envolver com histórias de sobrevivente da guerra, produzindo entre outras obras relacionadas ao tema, inclusive Hadashi no Gen.

Logo na primeira página, você tem a visão de Art Spiegelman sobre Gen, assumindo que o mangá é como uma assombração na sua vida justamente por causa dos acontecimentos que de certa forma espelham suas vidas, com uma logicidade inerente. Spiegelman é cartunista e ilustrador sueco, autor de Maus, outra história para te fazer pensar sobre a sua existência nesse mundo.

Também há um texto de indicações escrito por Hideki Ozaki com o título Para as gerações que não conhecem a guerra, eu recomendo. Acho muito importante ter esse tipo de informação no mangá porque ler Gen realmente vai te deixar curioso por mais informações e é aí que você abre essa parte recolhendo os títulos que o crítico te indica. Juntamente com ele há uma pequena introdução sobre o que é Gen Pés Descalços: uma história pura de veracidade.

Gen Pés Descalços – vol. I

Nesse primeiro volume, nós temos a história da família Nakaoka que já está passando por dificuldades por causa da guerra. O pai de Gen é um pacifista e é considerado um antipatriota por isso. Ele consegue enxergar que a escravidão dos jovens em fábricas de armamentos e a morte da população por fome ou na linha de frente não ajudam a crescer o país. Sua mãe Kimie é uma mulher forte que mesmo levando um filho no ventre está disposta a se sacrificar pelos outros cinco.

Gen e seus irmãos são personagens que passam a ser forte, que começa a entender o que é a guerra e como ela está prejudicando as pessoas em sua volta, questionando e indo contra as pessoas que eles consideram malvadas. Ou seja, a história faz com que as personagens se tornem aptas para vivenciar aquele novo mundo. Só que Kouji, o irmão mais velho, mesmo contra a vontade do pai, se alista na Força Aérea. Ele não é uma personagem ímpar na família, muito pelo contrário, ele vai porque quer aliviar a a fama de antipatriota do seu pai.

Já os outros veem a família como corruptos, que  ajudarão a perder a guerra, ladrões, culpados por qualquer coisa diferente que acontecia na região. Não eram considerados filhos do Imperador por agirem dessa maneira inadequada.

Mas grande pergunta é: por que ser contra a guerra era tão ruim assim? Pois bem, de uma maneira simples, o Japão possui o Imperador que devido a sua cultura, ele é uma figura divina, descendentes dos grandes deuses criadores do mundo. Isso quer dizer que o Imperador é um deus, logo se ele é a favor da guerra e você um simples ser humano não, você está indo contra ao seu deus, contra à sua cultura, você não possui o “espírito japonês”. É um pensamento um tanto complexo. Um personagem no livro diz algo como se o Imperador é um deus, por que ele não mata todos os americanos? Além do fato que o Japão viveu tempo suficiente um governo militarista que ajudava ainda mais os cidadãos a serem obedientes e respeitosos.

Unidos, de uma maneira ou de outra, a família Nakaoka te leva até o momento da explosão da bomba, aonde Gen precisa assumir o controle da situação e poder salvar a sua vida e a da sua mãe.

Fonte: Turma do Café

Considerações

A arte de Keiji não é tão graciosa, mas nos faz entender por sua simplicidade. O que mais é válido por aqui são atos e pensamentos de uma família em meio  à hostilidade te envolvendo emocionalmente por completo. Keiji nos entrega, em visão clara, a sua vida no período pré Little Boy. Em alguns momentos há um narrador que nos dita fatos importantes, de certa forma imparcial, sobre o rumo da guerra e em quantas andava os estudos da bomba atômica.

Quando a leitura está sendo feita, parece que a qualquer momento o caos vai acontecer  ~ o que realmente acontece  ~. É uma história que está sempre sob tensão, o que deve representar bem como era viver naquela época. Também há muita crueldade com a família Nakaoka por eles considerarem a guerra um feito ruim, que não vá trazer benefícios nenhum ao Japão porque só traz destruição, fome e morte: são antipatriotas por pensarem fora do padrão. Será que é apenas um pensamento atípico ou será que são corajosos por demonstrarem o que realmente pensam?

Por isso, o mangá me fez pensar sobre a vida, sobre meus objetivos e quanto vale uma vida. Não consigo imaginar nem a metade do que as pessoas passam durante essa vida de guerra. Não consigo imaginar o que me espera dos outros volumes dessa história…

O que vocês acham? Será que vale apena ler Gen Pés Descalços v. II?

Me digam o que vocês acharam!

Abraços ^^)